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Desejo e Perigo

08-04-2010 22:27
 

(Lust, Caution, China, 2007)
Para mim não resta dúvidas! Dos diretores em atividade, Ang Lee é um dos mais refinados, se não o mais. É incrível como ele consegue dar profundidade às cenas, escancarar sentimentos escondidos em olhares e corações que, a qualquer um, parecem indecifráveis. Com "Desejo e Perigo" tive a grata surpresa de me surpreender, mais uma vez.

Nesse longa chinês, de 2007, o diretor de "Razão e Sensibilidade", "O Tigre e o Dragão" e "Brokeback Mountain" mergulha na história do próprio país. Nos apresenta uma China invadida por seu maior rival, o Japão, durante a segunda guerra mundial.

O sistema de dominação japonesa nas principais cidades chinesas era um espinho na carne para os oprimidos. Dentro da própria China, existiam aqueles que se "vendiam" aos inimigos, fazendo o serviço que, na verdade, aos japoneses competia fazer. Chineses nos altos escalões do poder, sustentavam o poderio nipônico sobre a China, desarticulando os movimentos de contestação.

Nessa situação vergonhosa e que envolvia uma disputa milenar onde o orgulho era mais forte que qualquer outra coisa, um grupo de jovens universitários chineses residentes em Shangai decidem montar um grupo de teatro. A intenção era arrecadar fundos para custear as ações de resistência.

Logo, optam por atuar de maneira mais incisiva e prática. Tornam a bela e talentosa Wang Jiazhi (Wei Tang) numa espécie de isca. A missão da moça seria seduzir um dos colaboradores japoneses em Shangai e matá-lo.

O processo de encantamento mútuo é lento e intenso. A dupla de protagonistas é responsável pelas cenas mais quentes últimos tempos. O resultado não poderia ter sido outro, caiu como uma bomba na China. O filme foi censurado e a estreante Wei Tang banida da imprensa chinesa.

Minúcias à parte e sem querer estragar as expectativas de ninguém, volto a falar da classe do diretor Ang Lee já que contei um pouco da história em si.

Em "Brokeback Mountain" e "O Tigre e o Dragão, Lee abusa das tomadas gerais e explora ambientes inóspitos e selvagens - um verdadeiro delírio visual. Já em "Desejo e Perigo" o diretor opta pelos closes fechadinhos que penetram a alma, revelam o medo e o desejo quase irreprimível.

Acho maravilhosas as cenas em que as mulheres jogam aquele tradicional jogo chinês cujo nome não me vem à mente. As mãos dançam sobre as peças. A tensão está presente a todo momento. Uma das cenas finais, onde a câmera acompanha a personagem principal atordoada, sem leme é lindíssima.

Enfim, esse é um tipo de filme que vale a pena conferir. Tudo em "Desejo e Perigo" funciona bem. Desde a bela trilha de Alexandre Desplat e os corretos figurinos e direção de arte até às atuações super convincentes e seguras de Wei Tang e Tony Leung Chiu Wai. A única ressalva é quanto ao ritimo inicial do filme que pode ser considerado um pouco lento por alguns. Pra mim não foi problema!
 

A Janela Aberta (2002)

07-04-2010 22:38
 
A Janela Aberta é um curta brasileiro dirigido por Philippe Barcinski, vencedor de vários prêmios internacionais, incluindo o de Melhor Curta no Chicago International Film Festival 2003 e Festival de Cannes 2002.

Nele é mostrado a mente turbulenta de um homem, que após ter se deitado pra dormir, tenta lembrar se realmente fechou a janela. Repassando cada detalhe do dia, descobrimos algo tão irreverente que até esquecemos da janela.


Todo mundo já passou por isso não é mesmo?
Enjoy it!
 
 

O Sétimo Selo (1957)

06-04-2010 20:53
 
(Det Sjunde Inseglet)
Há meses eu venho criando coragem pra ver esse filme e não sei porque demorei tanto, ontem então, resolvi tirar o atraso e tive meu primeiro contato com Ingmar Bergman. Nascido em Uppsala, na Suécia, em 1918, Bergman - filho de um pator luterano - teve sua infância marcada por castigos psicológicos e corporais, vindo a ser temas recorrentes em suas obras. "Fez um total de 54 filmes, 39 peças para o rádio e 126 produções teatrais, onde seus temas principais eram Deus, a Morte, a vida, o amor, a solidão, o universo feminino e a incomunicabilidade entre casais".
Confesso que os primeiros minutos de O Sétimo Selo foram difíceis de digerir, perdi a concentração 5 vezes e comecei a ver tudo de novo. O filme têm cenas bastante intensas e que dificilmente vai sair da sua mente após assisti-lo; imagine um cavaleiro jogando xadrez com a morte? Sim, a vida dele está em jogo, mas esse jogo vai bem mais a fundo.
Antonius Block (Sydow), um cavaleiro que acaba de retonar de uma cruzada que durou 10 anos, questiona sua fé em Deus e na humanidade. Num silêncio um tanto quanto tenebroso, um homem vestido de preto aparece diante de Block, que pergunta: "Quem é você?", "Eu sou a morte"! A tensão toma conta do cenário porque a "partida" vai durar praticamente o filme inteiro. Com diálogos simples, mas ácidos e engraçados, cada personagem ganha uma importância diferente, ao entrar na vida de Block durante sua caminhada. Um malabarista alegre (Nils Poppe), sua mulher de beleza incontestável (Gunnel Lindblom) e o bebê, que desenterra o sentimento de inocência no filme, ao estar sempre rindo e brincando com a mãe. Os três se juntam a Antonius para fugir da peste, mas a família salva a si mesmo no momento da dança da morte.
O Sétimo Selo foi feito pra chocar, não devido as cenas fortes ou por tratar da morte/Deus tão abertamente. Mas sim, porque os questionamentos feitos por Block, são comuns até hoje! O seu personagem chega até a se aproximar de uma bruxa que está prestes a ser queimada, só para perguntar ao Demônio o que ele sabe sobre Deus, caracterizando assim seu desespero, que parecia estar a frente da sua própria vida que estava em jogo.

O Sétimo Selo é um filme que deve fazer parte da lista de qualquer cinéfilo! Espetacular!
Confira também um artigo sobre a obra!

Título original: Det Sjunde Inseglet
Gênero: Drama
Duração: 96 min
Ano de lançamento: 1957 (Suécia)
Direção: Ingmar Bergman
Roteiro:Ingmar Bergman, baseado em peça de Ingmar Bergman
Produção:Allan Ekelund
Música:Erik Nordgren
Fotografia:Gunnar Fischer
Direção de arte:
Figurino:Manne Lindholm
Edição:Lennart Wallén
Elenco: Max Von Sydow , Gunnar Björnstrand , Bengt Ekerot , Nils Poppe , Bibi Andersson

 

Os Homens Que Encaravam Cabras

05-04-2010 18:31
 
Título Original: The Men Who Stare at Goats
Gênero: Comédia
Duração: 94 min
Ano de lançamento: 2009
Direção: Grant Heslov
Roteiro: Pete Straughan,
baseado em livro de Jim Ronson
Produção: Grant Heslov, George Clooney
e Paul Lister
Música: Rolfe Kent
Fotografia: Robert Elswit
Direção de arte: Peter Borck
Figurino: Louise Frogley
Edição: Tatiana S. Riegel
Efeitos Especiais: CIS Hollywood
Hirota Paint Industries

César
Vou jogar na real: Não gostei de "Os homens que encaravam cabras". O filme tem seus pontos altos, como as atuações de George Clooney e Ewan McGregor. A parte isso, nem sei o que dizer; a história não me chamou a atenção e acho que a presença do nosso querido Kevin Spacey, deveria ter sido melhor aproveitada.

André
Uma base militar onde a brutalidade e a selvageria eram postas de lado. As estratégias de combate de um segmento do exército norte-americano no inóspito Iraque, consistiam no uso nada convencional dos poderes psíquicos e não na utilização das armas de fogo que, convenhamos, é tiro e queda, literalmente.
Já parou para imaginar isso? Em "Os homens que encaravam cabras" me deparei com algo muito estranho. O roteiro do filme não é produto da mente de um ser perturbado pelo uso de drogas pesadas. Logo no começo temos um aviso que descarta a ideia de "é tudo mentira": "Há mais verdade nisso [naquilo que estamos prestes a ver] do que você acreditaria".
O filme é centrado nas andanças do jornalista Bob Wilton (Ewan McGregor) e do atrapalhado soldado Lyn Cassady (George Clooney) pelo deserto iraquiano onde acontece uma série de desventuras que servem para desnudar, aos olhos do espectador, os pilares que sustentam o enigmático Exército da Nova Terra.
"Os homens que encaravam cabras" tem um humor refinado e bem sutil. É, em certos momentos, anárquico. Mas a graça não está no filme em si, mas em pensar que parte daquela loucura tem lugar nas páginas da história americana e mundial - história não muito conhecida, diga-se de passagem.
O destaque fica por conta do elenco. Um senhor elenco que além de McGregor e Clooney, conta com Jeff Bridges, Kevin Spacey e as cabras, né?!
Obs: Para não te deixar em parafusos adianto: as cabrinhas, coitadas, eram as cobaiais.

Alex
Em poucas palavras, o filme pode ser resumido em criativo e inspirador. Uma comédia não convencional com ótimos atores e uma mensagem muito boa, apesar de não ter gostado de algumas citações a experiências com animais por militares, no geral a história é bem interessante, pelo menos a mim prendeu do começo ao fim.
É um filme sobre ter fé no que você acredita, e persistir, continuar sempre seguindo em frente sem desanimar caso a maioria a sua volta reprove seu modo de pensar. Essa idéia foi muito bem representada no filme pela referência aos "Jedis", título dos soldados que se utilizam do poder da mente nas suas batalhas; o roteiro foi muito bem feito, um ótimo equilibrio com as cenas engraçadas, de ação, os flashbacks, tudo mantendo o ritmo da história.
Para quem ainda tem receio de ver o filme, recomendo muito que veja, vale muito a pena!

Denise
Primeira dica: não leve esse filme a sério; quem sabe assim você não consegue achar pelo menos divertido. Nos primeiros minutos o espectador já é alertado: "Há mais verdade nisso do que você acreditaria". Pois bem, eu não acreditei em nada, achei tudo uma baboseira e realmente não curti o filme. Mas Os Homens Que Encaravam As Cabras tem o seu lado positivo, que de início até me rendeu algumas risadas.
O roteiro é baseado na "missão" de um homem misterioso (George Clooney), que afirma fazer parte de uma unidade experimental do exército americano, ele então encontra o jornalista Bob Wilton (Ewan McGregor), louco para dar um pouco de adrenalina à profissão. Muitos podem ignorar um dos fatos principais dessa história: a guerra do Iraque, que é atual e tem assunto de sobra para dar um cutucão no governo americano.
Grandes atuações, destaque para Clooney e Bridges! Os Homens Que Encaravam Cabras é bastante excêntrico e sarcástico, mas após uma hora de filme chega a ser desesperador, você vai implorar para que acabe logo.

 

O Bebê de Rosemary

02-04-2010 14:16
 
Para sair um pouco dessa chuva de remakes e continuações hollywoodianas, vamos visitar um terror antigo, um clássico: O Bebê de Rosemary, dirigido e adaptado por Roman Polanski, baseado no livro de Ira Levin. Considerado por muitos uma obra prima do terror, é um filme onde acerta em diversos aspectos.

Pra começar é muito interessante observar essa mudança no cinema quanto ao gênero, hoje em dia o terror é focado na quantidade de sangue, em O Bebê de Rosemary é tudo focado na história, literalmente tudo, não há cenas que chocam mostrando uma carnificina explícita ou algo bizarro, ou qualquer coisa que assuste, é simplesmente uma história voltada à realidade, onde situações estranhas acontecem dentro do plano real, sem fantasmas ou sustos falsos, nada sobrenatural.

O roteiro é baseado nisso: um terror psicológico com suspense durante o desenrolar do drama, e ainda com uma temática forte citando demônios e bruxaria, isso somado com a ótima direção favorecendo o suspense, criou-se um filme bem peculiar. Eu mesmo não vi nada de obra prima, só um filme diferente que não chega a ser um terror, apenas trata de uma forma sombria o desejo de uma mulher em ser mãe e os obstáculos que ela encontra; merece sim reconhecimento, além pelos pontos fortes já citados, pela originalidade, ao ver você percebe que diversos filmes se inspiraram neste.

Se você espera um terror com cenas marcantes, algo surpreendente, vai se decepcionar muito, o filme vale principalmente pela história bem desenvolvida e pela direção incrível, de resto é um filme longo onde o melhor é a ultima parte, quando Rosemary desvenda os segredos de seus vizinhos e seu estado mental explode numa paranóia que a leva para o final tendo que confrontar o destino de seu filho com seu desejo de ser mãe.

É um ótimo filme visto pelo lado técnico, e um bom exemplo de como antigamente filmes de terror tinham mais conteúdo, tinham um roteiro, enfim, era um filme de verdade, não apenas um amontoado de efeitos especiais para te assustar e encher a tela de gore.

 

Mother - A Busca Pela Verdade

01-04-2010 16:09

(Madeo, Coréia, 2009) 

Como vocês já sabem, o Daniel Corrêa, responsável pela coluna 'cinema nacional', não vai poder colaborar com o cubo crítico por alguns meses. Para o blog não ficar defasado, convidamos o André Martins para nos ajudar. Coluna: Filme estrangeiro! Enjoy :)

Numa pequena e pacata cidade coreana um crime irrompe com a rotina de sossego da comunidade local. Uma jovem é covardemente morta, e seu corpo é abandonado no cercado do terraço de uma velha construção. Todos os indícios levam a polícia, já desacostumada a lidar com assassinatos, a um único culpado, Do-Joon (Won Bin) um jovem com disfunções mentais que perambulava pela cidade na companhia de um amigo de caráter um tanto quanto duvidoso. A ineficiência das autoridades locais na investigação do caso faz com que a personagem de Kim Hye-ja, uma mãe amorosa e extremamente zelosa, vá , ela mesma, em busca das evidências que pudessem livrar o filho da cadeia.

Numa verdadeira saga pela verdade, a mãe frágil e simples dá espaço para a emergência de uma mulher dona de uma força monstruosa, de um amor febril e voraz e uma certeza incontestável. O filme tem muitos atributos. O roteiro foi muito bem costurado, é de colocar inveja em qualquer roteirista bem sucedido nos filmes do gênero suspense. A direção firme de Bong Joon-ho conduz a trama a um final excepcional. A dupla de atores principais, Hye-ja e Bin, fazem um trabalho magnífico e irretocável. Para finalizar, quero chamar a atenção para a qualidade das cenas onde o suspense é empregado. A cena da garrafa é de fazer qualquer filho de Deus prender o ar nos pulmões.

Não foi atoa que o filme levou três prêmios no Asian Film Awards, principal premiação do cinema asiático. Foram eles: melhor filme, roteiro e atriz.

"Mother" é aquele tipo de filme que te leva a lugares que nunca queremos ir e desperta (ao menos despertou em mim) sentimentos contraditórios. Um belo filme, cujo final me deixou perplexo. Esse é um dos representantes do cinema estrangeiro que me fizeram acreditar que Hollywood tomou um verdadeiro banho do resto do mundo no ano passado.

 

 Título Original: Madeo
Gênero: Drama
Ano de lançamento: 2009
Duração: 128 minutos
Diretor: Bong Joon-ho
Produção: Choi Jae-Won, Park Tae-joon, Seu Woo-sik
Roteiro: Park Eun-kyo, Bong Joon-ho, Park Wun-kyo
Fotografia: Hong Kyung-Pyo
Trilha Sonora: Lee Byeong-woo
Elenco: Won Bin, Kim Hye-ja, Jin Ku.

 

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